Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

A Poesia Desconhecida

A Poesia Desconhecida

11
Set17

PRECE

Talis Andrade

Pantokratir século VI um dos ícones mais antigo

 

Ó Senhor envia

um dos anjos

de tua corte celestial

para indicar

o verdadeiro caminho

a via real

 

Não me deixes perdido

Não permitas

faça desta vida

um caminhar

sem sentido

 

 

----

Ilustração: Pantokrator, Século VI, um dos mais antigos ícones de Jesus
 


11
Set17

O ANDARILHO

Talis Andrade

o bom pastor ao redor do seculo III jesus.jpg

O mundo seria diferente

se toda gente tirasse os sapatos

sentisse a suavidade da terra

revestida de verde

a verde relva dos campos  

 

O mundo seria diferente

se toda gente sentisse

a suavidade das finas areias da praia

macias areias lavadas pelas espumantes ondas  

 

O mundo seria diferente

se toda gente andasse

os pés descalços

pela terra nua

como andou Jesus 
 

 

 

 

---

Ilustração: O Bom Pastor, uma das mais antigas pinturas de Jesus ao redor do Século III

13
Jun17

O VERMELHO E O CINZA

Talis Andrade

Carl Heinrich Bloch   The Raising of Lazarus.jpg

 

--

Por longínquo caminho

no silêncio do túmulo            

o que Lázaro viu             

as marcas da cruentação

ou do vermelho enxofre             

no branco linho             

a enfaixar o corpo

 

O que Lázaro viu             

o fúnebre cortejo             

de uma procissão            

de esqueletos             

em dia de finados

O que Lázaro viu             

no infinito campo

embaçadas figuras

como acontece             

ao irmão boi             

resignado à sina             

de pastagens             

em tons cinzas

 

Contenta a Lázaro             

nesta segunda passagem             

tudo recomece             

donde o fio             

da vida se partiu             

ou apenas tem olhos             

para o imaginário             

o que poderia ter sido             

e não foi A intentada             

excitante aventura             

por lendárias terras             

visagem de um mundo             

paradisíaco inatingível               

 

No silêncio do túmulo             

preferiria Lázaro             

a viagem sem volta             

por um túnel de luz             

o corpo arrebatado             

sobre as nuvens             

o corpo vestido de vazio             

o corpo livre             

do amargor da carne               

 

Nesta segunda passagem             

que espera Lázaro             

o açoite da nudez             

de João Batista             

a nudez contida             

em uma vestimenta             

de pêlos de camelo             

o cinto de couro             

em volta dos rins             

garroteando os impulsos             

convulsivos repulsivos               

 

Que espera Lázaro             

o dom da palavra

a língua de fogo

coriscando o ar             

como um raio             

a palavra que incendeia

e queima

a palavra que amaldiçoa             

e fere             

mais afiada             

que o gume             

de uma cica             

 

Que espera Lázaro             

a ofuscante nudez de Davi             

a dançar e cantar             

triunfante ao som             

de harpas e cítaras             

de tamboris e trombetas             

de sistros e síbilos             

pelas ruas de Jerusalém             

para ser ungido rei               

 

Simplesmente seguir             

uma nova vida

em vestes magnificentes             

de púrpura e ouro             

gozar os festins             

o vinho do delírio             

o deleite das dançarinas             

na dança pastoril             

a posse febril             

de um corpo de mulher             

o corpo suave promessa             

de orgasmo e paz               

 

Que deseja Lázaro             

se nenhum livro             

nenhuma carta             

nenhum parente             

nenhum amigo             

jamais registrou             

uma palavra sua               

 

De Lázaro apenas             

se sabe vivia             

com duas irmãs             

e depois de quatro             

dias no túmulo             

aparece Jesus e chama             

- Lázaro             

vem para fora               

 

Jesus ordenou             

Lázaro             

fosse libertado             

das faixas             

e retirado o lenço             

que lhe cobria o rosto  

 

Para todo sempre

as marcas da cruentação

do vermelho enxofre             

no branco linho             

a enfaixar o corpo  

 

Lázaro não estava livre

da morte

De Lázaro o milagre             

de uma segunda vida 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

---

Ilustração: A Ressureiçõ de Lázaro, por Carl Heinrich Bloch 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

  •  
  • Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2023
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2022
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2021
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2020
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2019
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2018
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2017
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    Em destaque no SAPO Blogs
    pub