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A Poesia Desconhecida

A Poesia Desconhecida

25
Jan23

CADÁVERES DEIXAM RASTROS

Talis Andrade
 
 
 
 
 
Vida y muerte de Federico García Lorca
 

 

As flores selvagens

as orquideas e gerânios

os lírios nos campos

encobrem sagrados

perfumados túmulos

encantados túmulos

 

Nas valas comuns

permanecem invisíveis

as virgens estupradas

Mães operárias

mães camponesas

nutrem com suas carnes

a terra estéril

 

No ventre d'Espanha

grávida da morte

os corpos dos guerreiros

que não se renderam

 

Em cada sepultura

sem campa

nas serras e vales

nos montes gelados

no lodo dos lagos

na fonte de lágrimas

os mortos anônimos

malsinam os crimes

do generalíssimo Franco 

25
Jan23

O PANTEÃO

Talis Andrade

 

“A face que devemos encarar é a de um Lorca distante de um paladino de esquerda, próximo à de um poeta político”
 

 

No azul do céu

nas flores

nos frutos

no vinho generoso

da videira sagrada

a lembrança

 

Nos verdes gramados

na neve branca

em cada pedaço

do sagrado chão

definitivamente gravado

o nome

 

Cada recanto da Pátria amada

porque lhe foi negado

um campo santo

guarda

o corpo

 

O panteão de García Lorca

o coração d´Espanha 
 
  

 
 
 
 
 
 
25
Jan23

A ESPANHA DE GARCÍA LORCA

Talis Andrade

garcía lorca0.jpg


 
 

 

 

Proibido pela censura

o nome de Federico

del Sagrado Corazón de Jesús

García Lorca

não é mencionado

nas cátedras e púlpitos

 

Mas por todos os cantos

da Velha Espanha

nas ruas do povo

nos campos de concentração

e cavas

escuto o nome inter-

dito secreto nome

sacralizado com sangue

e lágrimas

Lágrimas e sangue

o tempo não lava

 

Por toda Espanha

o povo sofrido

exige reparação

Todo homem

que sobrevive

clama por justiça 

 

Por toda Espanha

às escondidas

o povo recita

de García Lorca

a imortal poesia

De García Lorca

os enamorados cantam

(e)ternas canções

 

Na católica Espanha

das mulheres as orações

pela alma de Federico

del Sagrado Corazón de Jesús

 

Enquanto existir

Andaluzia

o sol a brilhar

enquanto existir

a Poesia 

García Lorca

não morrerá

não morrerá 
 
 
 

26
Jun17

LUNAS DE JULIETA VIÑAS ARJONA

Talis Andrade

Julieta Viñas Arjona4.jpg

Quando se foi o sol

Julieta no balcão

se fez poesia

esperando o rouxinol

 

As mãos de Julieta deslizam

pelas cordas de uma harpa

os dedos dando voltas

pela lua de Lorca

 

Seus dedos vão dando voltas

na lua de inúmeras faces

Seus dedos vão dando voltas

na luna violácea

donde unos poetas

beben cazalla

y otros traman

nuevos despropósitos

 

Julieta no balcão

se fez música

amanhecia o dia

nem percebeu

a companhia

de uma cotovia

 

 

---

Ilustração: Foto de Julieta Viñas Arjona

 

 

 

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