Filho de líder quilombola morta na Bahia pede justiça
Impunidade comandada pelas autoridades incompetentes ou criminosas. Morta a tiros na Bahia, Bernadete Pacífico teve filho assassinado em território quilombola em 2017 e os assassinos continuam soltos
Os mandantes e assassinos continuam na trama sangrenta para tomar na marra o Território Quilombola de Pitanga dos Palmares
O deputado federal Daniel Almeida cobrou, em Brasília, apuração rigorosa por parte da polícia e punição para os culpados pela morte do líder quilombola Flávio Gabriel, mais conhecido como Binho do Quilombo, que foi assassinado brutalmente nesta terça-feira (19) no município de Simões Filho. Daniel também manifestou sentimento de pesar e solidariedade aos familiares.
Foi a vez do filho em 19 de setembro de 2017. Agora, trucidaram a mãe de maneira brutal, selvagem e espetacularmente. Num terreiro sagrado de uma religião. Para demonstrar que a Terra de Todos os Santos, desde a ditadura militar de 64 com PT e associados, é Terra sem Lei, é Terra de Todos os Pecados.
Depois de uma chacina policial de dar inveja as policiais de Cláudio Castro e Tarcísio de Freitas, os pistoleiros de aluguel invadem um terreiro santo, durante um culto religioso, para trucidar a ialorixá Bernadete Pacífico, de 72 anos, morta a tiros em Simões Filho (BA), na noite de quinta-feira (17/08), na frente de três netos e toda uma comunidade marginalizada como quilombola.
Estava jurada de morte pelos madeireiros do "passa boiada" de Ricardo Salles e Bolsonaro. Pelo poder maior que não deixa em pé nenhuma árvore mãe que ofereça sombra e liberdade e alimento a todo um povo que fugiu do cativeiro branco e cristão, desde a chegada do primeiro navio tumbeiro.
Por g1 BA e TV Bahia
Bernadete era líder da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) e seu assassinato ganhou repercussão nacional. A morte do seu filho voltou a ser citada porque das informações de que o crime segue sem solução.
Flávio Gabriel Pacifico dos Santos, o Binho do Quilombo, foi assassinado há seis anos. Ele também era uma liderança quilombola e atuava no Território Quilombola de Pitanga dos Palmares. O caso começou sendo investigado pela Polícia Civil, mas acabou federalizado há cerca de três anos.
O caso passou para a Polícia Federal por causa da letargia da Polícia Civil da Bahia em resolver o aso, além de pressões políticas sobre o poder investigativo local. Mesmo assim, a delegada federal que investiga o caso mostrou total desprezo pelo assassinato de Binho. Ela sustenta que o crime foi fruto de rixa local, mas falar isso é desconhecer totalmente a realidade dos quilombolas no Brasil", argumentou o advogado da família, David Mendez.
De acordo com a Polícia Federal, a morte de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos está sendo apurada em inquérito policial e "todos os esforços estão sendo empregados para a devida apuração da autoria". A PF disse ainda que as investigações seguem em sigilo.
O advogado da família destacou que, na época em que Binho foi morto, ele recebia ameaças porque lutava contra a implantação de um aterro sanitário no local onde fica a comunidade remanescente. O quilombo Pitanga dos Palmares fica em uma Área de Proteção Ambiental (APA).
Um homem suspeito de envolvimento no crime chegou a ser preso três meses depois crime, ainda em 2017. Ele negou participação no caso e teve prisão temporária expedida. David Mendez disse ao g1 que esse homem já está solto, porque o prazo legal da prisão acabou.
Binho era um líder nato, um cara que visava o protagonismo comunitário. Meu irmão deixou três filhos. Quem fez esse crime não tem coração e meu peito agora não tem mais coração, destruíram" , disse Wellington, irmão da vítima
Wellington, o filho mais velho de Bernadete, pede justiça nos casos após a idosa ser assassinada a tiros dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, na noite de quinta-feira (17).
Não é fácil viver em uma comunidde quilombola onde você visa as minorias. O mesmo que aconteceu com o meu irmão, ontem foi com a minha mãe", afirmou Wellington
Líder quilombola foi morto a tiros dentro do carro dele, na cidade de Simões Filho — Foto: Reprodução/redes sociais
Binho tinha 36 anos quando aconteceu o crime. O irmão afirma que ele foi alvo de pelo menos dezesseis tiros. De acordo com a Polícia Civil, a vítima foi surpreendida por criminosos armados, que se aproximaram, atiraram e, em seguida, fugiram.
Em entrevista à TV Bahia, Wellington pediu por justiça nos casos de assassinato de Mãe Bernadete e do irmão, o Binho do Quilombo.
Peço, por favor, que se faça justiça. Que não aconteça o que aconteceu com meu irmão. É a chance de elucidar os dois casos", disse Wellington.
Território Quilombola de Pitanga dos Palmares, na Bahia — Foto: Reprodução/TV Bahia