09
Abr17
OS MORTOS VIVOS
Talis Andrade
Mãos como garras
me arrancam as vestes
Sou o desvalido
Um cão perdido
Os confrades fecharam as portas
que não pertenço a nenhum partido
a nenhuma organização secreta
nem ao sindicato do crime
Nenhum conhecido reclama o meu corpo
esquartejado corpo
as vísceras espalhadas
pelos ruas e avenidas
do Recife
a cidade infame
dos mortos vivos
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Ilustração: Composição com estátua e monstro, por Cicero Dias