O SELADO TREM
Eis que chega
um tempo
em que se fecham
todas as portas
O trem que passa
não pára
Nunca se sabe
de que terra vem
Nunca se sabe
para onde vai
Tudo permanece
em segredo de estado
como se fosse dado
em uma pequena estação
o confronto final
com uma nação inimiga
Pelas janelas fechadas
do cinzento
escuro trem
os prisioneiros se agarram
às réstias
do último sol
Pelas frestas das janelas
os passageiros
se agarram
ao último sopro
de vida
No fechado trem
inquietas sombras
aguardam
o anjo arcanjo apareça
em uma explosão de luz
O anjo arcanjo Miguel
o santo arconte
do povo de Israel
com o rosemunho de suas asas
destrua o dragão
que corre
por secretos trilhos
o dragão que foge
por secretas trilhas
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Desenho David Friedman (1893-1980)