CEMITÉRIO DE ELEFANTES
Não tenho mais volta
que esqueci os caminhos
De que adianta um mapa
das ilhas bem-aventuradas
se tudo está mudado
Seguir em frente
nada é como antes
Seguir em frente
não há revolta
nem meia-volta
Seguir em frente
por caminhos diferentes
por mares nunca dantes
navegados
Seguir em frente
sem desamor
nem desfeita
das coisas feitas
nem amargor
do desencantado
Seguir em frente
pelo gosto
do nunca visto
vale mais que
o dessabor
de um café requentado
Morrer por morrer
prefiro a incerteza
da louca visão
de distante oásis
o verdejante oásis
da fonte cantante
que o monótono
descanso
em um cemitério
de elefantes
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Ilustração: Cemitério de Elefantes Domésticos, por Luiz Alberto Borges da Cruz