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A Poesia Desconhecida

A Poesia Desconhecida

18
Ago23

Impunidade comandada pelas autoridades incompetentes ou criminosas. Morta a tiros na Bahia, Bernadete Pacífico teve filho assassinado em território quilombola em 2017 e os assassinos continuam soltos

Talis Andrade
 

Filho de líder quilombola morta na Bahia pede justiça

Filho de líder quilombola morta na Bahia pede justiça

 

Os mandantes e assassinos continuam na trama sangrenta para tomar na marra o Território Quilombola de Pitanga dos Palmares

O deputado federal Daniel Almeida cobrou, em Brasília, apuração rigorosa por parte da polícia e punição para os culpados pela morte do líder quilombola Flávio Gabriel, mais conhecido como Binho do Quilombo, que foi assassinado brutalmente nesta terça-feira (19) no município de Simões Filho. Daniel também manifestou sentimento de pesar e solidariedade aos familiares.

Foi a vez do filho em 19 de setembro de 2017. Agora, trucidaram a mãe de maneira brutal, selvagem e espetacularmente. Num terreiro sagrado de uma religião. Para demonstrar que a Terra de Todos os Santos, desde a ditadura militar de 64 com PT e associados, é Terra sem Lei, é Terra de Todos os Pecados. 

Depois de uma chacina policial de dar inveja as policiais de Cláudio Castro e Tarcísio de Freitas, os pistoleiros de aluguel invadem um terreiro santo, durante um culto religioso, para trucidar a ialorixá Bernadete Pacífico, de 72 anos, morta a tiros em Simões Filho (BA), na noite de quinta-feira (17/08), na frente de três netos e toda uma comunidade marginalizada como quilombola. 

Estava jurada de morte pelos madeireiros do "passa boiada" de Ricardo Salles e Bolsonaro. Pelo poder maior que não deixa em pé nenhuma árvore mãe que ofereça sombra e liberdade e alimento a todo um povo que fugiu do cativeiro branco e cristão, desde a chegada do primeiro navio tumbeiro. 

Por g1 BA e TV Bahia

Bernadete era líder da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) e seu assassinato ganhou repercussão nacional. A morte do seu filho voltou a ser citada porque das informações de que o crime segue sem solução.

Flávio Gabriel Pacifico dos Santos, o Binho do Quilombo, foi assassinado há seis anos. Ele também era uma liderança quilombola e atuava no Território Quilombola de Pitanga dos Palmares. O caso começou sendo investigado pela Polícia Civil, mas acabou federalizado há cerca de três anos.

 

 

O caso passou para a Polícia Federal por causa da letargia da Polícia Civil da Bahia em resolver o aso, além de pressões políticas sobre o poder investigativo local. Mesmo assim, a delegada federal que investiga o caso mostrou total desprezo pelo assassinato de Binho. Ela sustenta que o crime foi fruto de rixa local, mas falar isso é desconhecer totalmente a realidade dos quilombolas no Brasil", argumentou o advogado da família, David Mendez.

 

De acordo com a Polícia Federal, a morte de Flávio Gabriel Pacífico dos Santos está sendo apurada em inquérito policial e "todos os esforços estão sendo empregados para a devida apuração da autoria". A PF disse ainda que as investigações seguem em sigilo.

O advogado da família destacou que, na época em que Binho foi morto, ele recebia ameaças porque lutava contra a implantação de um aterro sanitário no local onde fica a comunidade remanescente. O quilombo Pitanga dos Palmares fica em uma Área de Proteção Ambiental (APA).

Um homem suspeito de envolvimento no crime chegou a ser preso três meses depois crime, ainda em 2017. Ele negou participação no caso e teve prisão temporária expedida. David Mendez disse ao g1 que esse homem já está solto, porque o prazo legal da prisão acabou.

 

 

Binho era um líder nato, um cara que visava o protagonismo comunitário. Meu irmão deixou três filhos. Quem fez esse crime não tem coração e meu peito agora não tem mais coração, destruíram" , disse Wellington, irmão da vítima

 

Wellington, o filho mais velho de Bernadete, pede justiça nos casos após a idosa ser assassinada a tiros dentro da associação do Quilombo Pitanga dos Palmares, na noite de quinta-feira (17).

 

Não é fácil viver em uma comunidde quilombola onde você visa as minorias. O mesmo que aconteceu com o meu irmão, ontem foi com a minha mãe", afirmou Wellington

 

Líder quilombola foi morto a tiros dentro do carro dele, na cidade de Simões Filho — Foto: Reprodução/redes sociais

Líder quilombola foi morto a tiros dentro do carro dele, na cidade de Simões Filho — Foto: Reprodução/redes sociais

 

Binho tinha 36 anos quando aconteceu o crime. O irmão afirma que ele foi alvo de pelo menos dezesseis tiros. De acordo com a Polícia Civil, a vítima foi surpreendida por criminosos armados, que se aproximaram, atiraram e, em seguida, fugiram.

Em entrevista à TV Bahia, Wellington pediu por justiça nos casos de assassinato de Mãe Bernadete e do irmão, o Binho do Quilombo.

 

Peço, por favor, que se faça justiça. Que não aconteça o que aconteceu com meu irmão. É a chance de elucidar os dois casos", disse Wellington.

 

Território Quilombola de Pitanga dos Palmares, na Bahia — Foto: Reprodução/TV Bahia

Território Quilombola de Pitanga dos Palmares, na Bahia — Foto: Reprodução/TV Bahia

18
Ago23

Um retrato do mal

Talis Andrade

 

Ninguém pode esquecer a lista de crimes que envolvem, inclusive, o COVID como arma biológica contra o povo pobre

 

por Marcia Tiburi

Em 2021 desenhei a tristeza e o horror na forma de um Ubu Rei brasileiro. Era um retrato do mal que precisávamos exorcizar. Lutar contra Bolsonaro e tudo o que ele representa nos deu a consciência e a dimensão da nossa potência como povo.  

bozo

 

Há muitas formas de luta contra as guerras perpetrados contra a vida humana na sua dimensão complexa. A arte é uma forma de luta. Ela nos protege do horror nos ensinando a olhara para ele e não virar pedra.  

A imagem acima transitou por manifestações e exposições. Ela serviu para exorcizar o mal.  

Agora, quando a vida dá suas voltas e o tema das joias roubadas está em alta, é importante lembrar que não é só isso. A memória política é essencial para a vida. Sabemos que, pior do que roubar joias do tesouro nacional, é Bolsonaro ter sido um ladrão de sonhos e vidas. Um fato não apaga o outro, os dois dão a dimensão da miséria política e do nível baixíssimo de gente a que estivemos submetidos como nação.  

Ninguém deve esquecer dessa miséria política. Ninguém pode esquecer a lista de crimes que envolvem, inclusive, o COVID como arma biológica contra o povo pobre e da matança programada de povos indígenas como a do povo Yanomami também pelo abandono e pela fome, além do Covid.  

Muita gente ainda segue vivendo sob o terror nas favelas, no campo, nas ruas, nos espaços de luta, mas pelo menos agora podemos caminhar para mudar as injustiças e construir um estado de bem estar social. A alquimia política rumo à democracia é uma obrigação de todos nós, cidadãs e cidadãos, que lutamos com todas as nossas forças pela retomada de um projeto democrático para o país. O povo brasileiro é maltratado, abusado e desrespeitado, mas é também resiliente e bravo e há de segurar a onda da democracia contra o fascismo, apesar da moda fascista ainda estar em alta. É evidente que se o Estado não fizer nada contra isso, o fascismo continuará sendo uma ameaça e seremos nós, como povo, que teremos que continuar a barrá-lo.  

Nesse momento, Bolsonaro tem que ser punido por seus crimes. A inelegibilidade foi apenas um começo de justiça. A prisão é o próximo passo.  

Depois que Bolsonaro for preso, aparecerá o mandante do assassinato de Marielle Franco.  

26
Jan23

OS RICOS MAUSOLÉUS

Talis Andrade
 
 
 
Valle de Los Caídos | Xadrez Verbal
Valle de los Caídos
 
 
 


 

 

 

Os enterros solenes

os imponentes túmulos

os deslembrados nomes

assinalados nas lajes

fúnebre vaidade

dos que juntaram fortunas

às custas dos males

que empestam a terra

a escravidão a fome

a corrupção a guerra

 

Neste e no outro mundo

o dinheiro não compra nada

Em que chão estão enterrados

Moisés Lao-tsé e Confúcio

Acreditam os judeus

que em Hébron

descansam Adão e Eva

Abraão e Isaac

No Valle de los Caídos

dançam o velho Franco

e sua filha Carmen

a vida desventurada

por nao ser coroada

rainha d Espanha

 

Os potentados esbanjam

fortunas ofícios e artes

na construção de mausoléus

Empilham ricos tesouros

para os violadores

de túmulos

os profanadores

que perambulam

pela noite escura 
 
 

25
Jan23

VALLE DE LOS CAÍDOS

Talis Andrade

 

 

Nas faldas da serra

de Guadarrama

Francisco Franco

ergueu particular

separado almocávar

para a continuação

do dissimulado reino

dos cadáveres mumificados

 

Em Guadarrama

mandou enterrar

velhas damas

de uma nobreza fantasma

generais e sacerdotes

angelicais torturadores

da Espanha de Torquemada

 

Em Guadarrama

o pequeno suserano

mandou enterrar

melancólica corte

de fanáticos seguidores

megalomaníaco intento

de no inferno possuir

os serviços prazerosos e sujos

de uma legião de servos

sevos aduladores 

 

 
25
Jan23

CADÁVERES DEIXAM RASTROS

Talis Andrade
 
 
 
 
 
Vida y muerte de Federico García Lorca
 

 

As flores selvagens

as orquideas e gerânios

os lírios nos campos

encobrem sagrados

perfumados túmulos

encantados túmulos

 

Nas valas comuns

permanecem invisíveis

as virgens estupradas

Mães operárias

mães camponesas

nutrem com suas carnes

a terra estéril

 

No ventre d'Espanha

grávida da morte

os corpos dos guerreiros

que não se renderam

 

Em cada sepultura

sem campa

nas serras e vales

nos montes gelados

no lodo dos lagos

na fonte de lágrimas

os mortos anônimos

malsinam os crimes

do generalíssimo Franco 

25
Jan23

O PANTEÃO

Talis Andrade

 

“A face que devemos encarar é a de um Lorca distante de um paladino de esquerda, próximo à de um poeta político”
 

 

No azul do céu

nas flores

nos frutos

no vinho generoso

da videira sagrada

a lembrança

 

Nos verdes gramados

na neve branca

em cada pedaço

do sagrado chão

definitivamente gravado

o nome

 

Cada recanto da Pátria amada

porque lhe foi negado

um campo santo

guarda

o corpo

 

O panteão de García Lorca

o coração d´Espanha 
 
  

 
 
 
 
 
 
25
Jan23

A ESPANHA DE GARCÍA LORCA

Talis Andrade

garcía lorca0.jpg


 
 

 

 

Proibido pela censura

o nome de Federico

del Sagrado Corazón de Jesús

García Lorca

não é mencionado

nas cátedras e púlpitos

 

Mas por todos os cantos

da Velha Espanha

nas ruas do povo

nos campos de concentração

e cavas

escuto o nome inter-

dito secreto nome

sacralizado com sangue

e lágrimas

Lágrimas e sangue

o tempo não lava

 

Por toda Espanha

o povo sofrido

exige reparação

Todo homem

que sobrevive

clama por justiça 

 

Por toda Espanha

às escondidas

o povo recita

de García Lorca

a imortal poesia

De García Lorca

os enamorados cantam

(e)ternas canções

 

Na católica Espanha

das mulheres as orações

pela alma de Federico

del Sagrado Corazón de Jesús

 

Enquanto existir

Andaluzia

o sol a brilhar

enquanto existir

a Poesia 

García Lorca

não morrerá

não morrerá 
 
 
 

24
Jan23

A MISSÃO DO CAUDILHO

Talis Andrade

 

Francisco Franco.jpg

 

Tudo que Hitler pedia

Franco oferecia

 

Te entrego cem mil

prisioneiros

Toda uma escória

de comunistas

de anarquistas

de republicanos heréticos

para o treino

dos teus guerreiros

para o teste

do teu armamento bélico

tua legião Condor

teus aviões

tanques

tuas bombas incendiárias

e de fragmentação

 

Ofereço meus reinos de Portugal

Castela e Aragão

Ofereço a Galiza

a Catalunha

e Madri

 

Quero que derrubes

o Velho Carvalho

de Guernica 

de verdejante sombra

que abriga

os sabios e

indomaveis feras

 

Ofereço

os santos ofícios

da Santa Inquisição

invento e organização

de mais de 180 campos

Dois em Sevilha

Dois em Alicante

Dois em Barcelona

Dois na Grã Canária

Tenho mais de 180

campos de concentração

O campo de Castuera

o campo de Miranda de Ebro

o campo da península de Llevant

Tenho mais de 180

campos de concentração

Ofereço o Betanzos

Ofereço a Guarda da Pasaxe de Camposancos

Ofereço o Hostal de San Marcos de León

Ofereço o Mosteiro de Corbán

Tenho mais de 180

campos de concentração

 

Tudo que Hitler pedia

Franco oferecia

pela terrena missão

de ser caudilho

pela graça de deus

 

O diabo sabe

que deus

 

 
 
Campos de concentração franquistas – Wikipédia, a enciclopédia livre
 
 
 

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